As Leis do Medo – Parte 2
As Leis do Medo – Parte 2
A Motivação pelo Medo
Num mundo dominado pelas mais sofisticadas formas de medo é pouco provável que a motivação por detrás de tudo o que fazemos esteja radicada num propósito de liberdade e soberania pessoal.
A pergunta que melhor se adequa a este tema é:
o que fazemos que não seja por alguma forma de medo?
Parece que é exagerado atribuirmos as nossas motivações comuns ao medo, pois, aparentemente, motivamo-nos para alcançarmos metas que nos façam sentir bem e não medo.
Mas será? A que é que chamamos medo? Talvez precisemos de nos posicionar relativamente ao significado do medo.
Quando aquilo que nos motiva nasce de uma sensação de insuficiência, de insatisfação, de frustração, será que podemos dizer que esse “motor” não obedece ao medo de nos sentirmos frágeis, sem valor ou incapazes?
Cabe a cada um de nós explorar mais profundamente o que está por detrás das suas motivações. Quando exploramos os verdadeiros propósitos (frequentemente escondidos da nossa consciência) para desejarmos ou fazermos algo, verificamos que, muitos deles, senão todos, falam do descontentamento ou da “necessidade” de nos sentirmos mais aceites, reconhecidos ou capazes.
Qual a diferença entre fazer algo por resposta a uma limitação ou medo ou porque SIM, pelo mero prazer de desfrutarmos disso?
O mundo esforça-se por manter a crença de que o que fazemos deve responder ao que os outros valorizam ou aceitam. Dizemos aos nossos filhos que devem escolher profissões que possam garantir-lhes um emprego.
Convencemo-nos de que não temos um emprego se …. e se …. porque … porque … e a lista não mais acaba!
A nossa vida tem vindo a ficar hipotecada às crenças devastadoras da cultura em que vivemos.
O mundo exterior não é objetivo, isto é, o que nos parece um facto inalterável, não é, senão, um campo de infinitas possibilidades pronto a se organizar no sentido de responder às nossas intenções criadoras.
Não basta acreditar no que alguém nos diz.
Quando nos esforçamos para acreditar em algo, ainda estamos convencidos de que não somos suficientes.
Para que “o que é”, se revele, em toda a sua verdade, é preciso mais do que uma crença “importada” de fora para dentro. É necessário que nos abramos ao processo de descoberta interna e verificar por nós mesmos a verdade.
O mundo lá fora não passa de um campo infinitamente rico de possibilidades e responde ao que alimentamos na nossa consciência.
Se ficarmos à espera de ver comprovadas as nossas convicções, certamente teremos a resposta pela qual procuramos para as reafirmar e dar validade. Tal é o nosso poder.
Também não basta querer … se a nossa consciência estiver tão contraída que somente nos permite ter uma mente presa em limitações e medos.
Há toda uma desconstrução a ser feita na nossa mentalidade para que possamos usar natural e, eficazmente, o PODER fantástico que temos. E ele é tão poderoso que afeta e transforma o campo de possibilidades do mundo no qual vivemos.
Em vez de continuarmos a assistir a um mundo que nos controla e condiciona, a grande viragem de consciência oferece-nos uma visão completamente oposta.
Cada ser humano afeta e influencia o mundo à sua volta, mas antes de influenciar o que existe “lá fora”, influencia e age sobre nós mesmos, trazendo-nos o que aceitamos viver na nossa Consciência.
Enquanto o caminho escolhido for o de nos colocarmos à mercê do mundo, as nossas motivações estão condicionadas à necessidade de lutarmos contra seja o que for, na defesa contínua daquilo que acreditamos nos controlar.
As motivações “são gritos internos” soltos por propósitos que poucas vezes consciencializamos, quando nos vemos como vítimas ou lutadores, em busca de um pouco de segurança, paz e amor.
Exercício de Reflexão:
Pense na motivação que tem sobre algo. Agora reflita e responda às seguintes perguntas:
– O que anima esse seu desejo ou interesse?
– Dê -lhe voz e ouça o que ele tem para dizer. Seja específico.
– De que é que ele está a fugir?
– O que acredita “conquistar” com ele?
– Que preço “paga” por esse desejo ou interesse? Seja específico
– Considerando a máxima “todo o propósito busca a experiência de si mesmo” qual o propósito que esse desejo ou interesse representa?
– Que aspeto(s) de si está reprimido procurando resolução através dessa motivação?
Aquilo do qual está a fugir pode indicar-lhe onde o seu potencial está preso. Enquanto não for libertado ele lutará para boicotar o seu interesse ou desejo.
Quando a motivação não é suficiente para alcançar o que queremos, existem, seguramente, aspetos que reclamam ser reconhecidos e resolvidos.
A GRANDE MAIORIA DAS NOSSAS MOTIVAÇÕES ESTÁ LIGADA A MECANISMOS DE SOBREVIVÊNCIA E SEGURANÇA.
Tudo o que nos fizer sentir seguros será bem-vindo e percebido como valioso e, por tal mantido.
A aprovação dos outros, o seu reconhecimento e aceitação são grandes benefícios que queremos conquistar pois eles são símbolos de segurança fundamental para garantirmos a nossa existência.
Porém, não basta saber que vamos colher tais benefícios para nos sentirmos satisfeitos e em paz. É preciso que aquilo que buscamos nos faça sentir bem connosco mesmos.
Quando temos que pôr nos pratos da balança a “segurança” comprada aos outros e o sacrifício de nós mesmos, por mais que nos esforcemos para conviver com esse desequilíbrio, não conseguimos alinhar e apaziguar as duas forças antagónicas.
A energia que o sacrifício, a frustração e a luta reprimem em nós, enfraquece a relação connosco mesmos. A insatisfação interna fica reprimida e em espera de se poder ressarcir logo que surja a oportunidade de aprisionar o outro, o mundo ou o que quer que seja que levou consigo a nossa perda.
Por vezes acreditamos em propósitos que nos iludem e abençoam os nossos esforços no sentido de abrirmos mão de nós para alegrar ou facilitar a vida de outros ou os seus interesses ou necessidades.
Por uma boa causa consideramos positivo e até divino,
oferecer o nosso sacrifício por algo ou alguém.
Mas, se pensarmos bem, podemos perceber que o que vamos colher desse propósito é segurança e apaziguamento de uma culpa que, de outro modo, sentiríamos ou até já sentimos.
Estamos a preparar um novo mundo e isso significa que estamos a olhar para a mentalidade que dirige a nossa atenção para o reforço no medo e na impotência e a consciencializar o jogo cruel e viciado em que vivemos, sempre à custa de não nos respeitarmos e conhecermos na verdadeira essência.
Existe uma outra abordagem à motivação? É claro que sim!
Vivemos a cada momento entre o medo e a liberdade, entre a sobrevivência e a soberania, entre o não poder e o PODER. Mas, o tempo urge… e já não passa nenhum minuto sem que a Vida nos esteja a convidar a olhar para as escolhas que fazemos e a tomar responsabilidade por elas.
À medida que deixamos de ser “coitados” ou “vítimas” de nós mesmos, abrimo-nos a um espaço interno onde somos soberanos, criadores poderosos e responsáveis.
As motivações respondem por novos propósitos.
Já não trabalhamos “para os outros”, mas para nós.
Já não fazemos o que agrada aos outros, mas a nós.
Já não escolhemos os nossos interesses pelo que o mundo aceita ou aprecia,
mas pelo que desejamos viver e desfrutar.
Quando a nossa mente se libertar da escravatura a que se auto impôs por falta de consciência, o mundo mostrar-nos-á a face da nossa própria liberdade e saberemos que cada ser humano é importante e suficientemente poderoso para criar possibilidades inimagináveis …